terça-feira, dezembro 12, 2006

nuvem # 6


Para quem não conhece Curitiba, aqui existem pessoas peculiares assim como em qualquer outro lugar do mundo. Na foto pedalando sua fiel companheira segue o Oil-man. Existe qualquer coisa de insano no que ele faz e isso causa o estranhamento dos outros que se acham normais. O dia pode ser aquele frio sofrível e ele esta lá, atravessando a rua, sempre vestindo uma sunga e besuntado com óleo (dizem ser a receita secreta ainda não patenteada pela Jhonson & jhonson). O Oil-man um verdadeiro super-herói, um animal social que nas horas vagas faz cover do Elvis. Pra quem conheçe algum amigo fãs de Elvis sabe que todos são loucos a "dar com pau". A onipresença dessa figura urbana que quase se transformou em lenda urbana após tantas tentativas de sobreviver junto ao trânsito dos carros curitibanos, me faz imaginar sua rotina. Acorda e veste uma das inumeras sungas. Prepara um ovo frito o qual o óleo quente respinga na pele deixando aquela bolas vermelhas. Vai ao banheiro se olha no espelho amarrando seu cabelo afim de que não atrapalhe a tarefa de passar o óleo. Dentro de um desse galões de gasolina tira a quantia necessária para espalhar pelo corpo cinquentão. Vai a garagem e no espaço criado pela ausência de um automóvel esta sua bicicleta. Enche os pneus. Sai pelas ruas num trajeto planejado que circule pela cidade de forma coêrente para que não falte ao seu compromisso diário de ser visto. Pedalando em alguns trechos e outros andando empurrando a bicicleta como um estandarte do homem e sua grande invenção, a roda e o equilibrio. E calmo caminha entre todos, distribuindo cumprimentos e olhares reciprocos. O que pensa ele sobre nós?
De qualquer modo ao fundo da foto, fugindo na profundidade da cidade estão as nuvens.

quinta-feira, outubro 19, 2006

nuvem # 5




Para um sentido uma direção.
Um cego apontando para seu pé esquerdo.
Mulheres com crianças no colo todas chorando.
Um cego apontando uma ilusão.

terça-feira, agosto 29, 2006

nuvem # 4


nuvem # 4
Originally uploaded by milonga_amarga.

Contemplaba con mirada de pequeño dios impotente el conglomerado turbio y gigantesco, tierno y brutal, aborrecible y querido, que como un terrible leviatán se recortada contra la nubarrones del oeste.
El sol se ponía ya cada segundo cambiaba el colorido de las nubes en el poniente. Grandes desgarrones grisvioláceos se destacaban sobre un fondo de nubes más lejanas: grises, lilas, negruzcas. Lástima ese rosado, pensó, como si estuviera en una exposición de pintura. Pero luego el rosado se fue corriendo más y más, se abaratando todo. Hasta que empezó a pagarse y, pasando por el cárdeno y el violáceo, llegó al gris y finalmente al negro que anuncia la muerte, que siempre es solemne y acaba siempre por conferir dignidad.
Y el sol desapareció.

Trecho do livro "La Resitencia" escrito por Ernesto Sabato.

A foto foi tirada num passeio em Morretes final de tarde e o que me deixou mais pensativo sobre a vida foi aqueles dois vasos vazios e as nuvens que seguiam sobre nossas cabeças como uma manada.

quinta-feira, agosto 24, 2006

nuvem pelo olhos do Luis



Originally uploaded by milonga_amarga.

Nuvem dispersa, catalogada em 22de junho de 2006, às 14H: 30m em Curitiba - PR

Tipo de nuvem que só acontece nos dias frios, é inspiradora para quem eleva seu olhar e admira sua forma dispersa e sem compromisso com figura concreta;
Uma poesia que paira sobre as cabeças apressadas e sempre cheias de preocupações com o abstrato do dia-a-dia.


Miraginal

Reze alto e com ternura!
Reze!
Vá ao alto, voe alto;
Dispa-se na escalada!
Dispa-se!
Revele as imagens ocultas!
Liberte o que se revela;
Confunda a realidade!
Confunda!
Compreenda!
Não espere compreensão.

Luis Apolonio

quinta-feira, junho 08, 2006

nuvem # 3


nuvem-#-4
Originally uploaded by milonga_amarga.

Hoje não tinham nuvens no céu.
Estava azul novamente.
Tirei o dia de folga e dormi.
Sonhei com nuvens.
Segue a imagem da minha nuvem de sonho,
e um poema perfeito:

Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...
que me importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?

Eu olho é o céu! Imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio,
Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousado em mim.


A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim...

Mario Quintana

sexta-feira, junho 02, 2006

nuvem pelos olhos da Mariana




A última nuvem do mês.
De acordo com a classificação de Luke Howard, de 1803,

um típico exemplo de cumulonimbus anunciando chuva.
A chuva, anunciando o fim da brincadeira.
Mas não importa que o céu preteje,
não faz mal que o sol dê lugar aos cristais de gelo.
Cristais também brilham quando a luz incide.
E se as crianças não vão sair hoje pra brincar,
se a chuva vai molhar a brincadeira,
elas se debruçarão emburradas na janela de casa
pra olhar, do lado de fora da vidraça,
a horta do avô se divertindo no quintal.
As plantinhas contentes brincando de roda
com a última nuvem de maio.

Localidade: Curitiba, quintal do meu avô
Hora: 13:09
Temperatura: 21ºC
Pressão atmosférica: 749 milibares
Velocidade do vento: 5 Km/h

Foto e texto: Mariana Sanchez

quinta-feira, junho 01, 2006

nuvem # 2


nuvem_02_25_05_06

Na gramática da cidade as nunvems são acentos. Dão sinais às frases, feitas de concreto. Um prédio ganha uma exclamação e uma rua no seu final, no horizonte azul, tem um ponto final branco que se desfaz rapidamente em dois pontos. Uma rua é separada num cruzamento por uma nuvem formato de virgula.
O vento sopra do oeste e o clima é frio na sombra. Aqui em baixo protegido pelos prédios tudo na mesma movimentação humana.
Lá em cima tudo já sumiu e a única nuvem vista foi enunciando a
próxima silaba urbana. E a variação da frequência entre telhados e faróis é acentuada pelas belas nuvens brancas. A cidade fala e é preciso aprender sua linguagem.

Localidade: Curitiba, ao lado da Biblioteca Pública.
Hora: 15:33
Lua: Minguante
temperatura: 28º

domingo, maio 28, 2006

Dia de folga

Segundo dia de trabalho e acontece o inespererado, dia de folga. Céu azul, límpido e sem nenhuma nuvem durante o dia todo para catalogar. Não coloquei nenhuma imagem porque seria desnecessário, somente o azul. Então tirei o dia para ler ("Curiosa Narração Sôbre um Outra Estrêla" Hermann Hesse) e ouvir (Fela Kuti).
Sugestão de blog:
Cambalhotas de Irrealidades

sexta-feira, maio 26, 2006

nuvem#1


nuvem#1


Dia quente. Próprio para banho na piscina temperada com folhas secas.
Adequado estar bem acompanhado. Céu azul com ventos fracos.
Todo o azul do céu esta refletido nos seus olhos.
O branco leitoso das nuvens se esparrama em acumulos dispersos além horizonte.